Tecnologia aumenta a produtividade e a rentabilidade do café no Brasil


“É preciso lembrar que o café é uma commoditie e que seu preço oscila. Mas, mesmo quando o preço cai, o prejuízo que poderia advir dessa queda será muito menor graças ao uso da tecnologia”, disse o superintendente de Informações do Agronegócio da Conab, Aroldo de Oliveira Neto

Produzir café no Brasil usando novas tecnologias vem se tornando uma atividade mais rentável do que há pelo menos uma década. Isso é o que mostra o estudo intitulado A Cultura do Café: Análise dos Custos de Produção e da Rentabilidade nos Anos-Safra 2008 a 2017, divulgado nesta terça-feira, 9 de janeiro, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Segundo o estudo, o aumento da produtividade aparece como responsável pela melhoria de rentabilidade tanto da variedade do café arábica quanto do café conilon, variedade também conhecida como robusta.

Para o superintendente de Informações do Agronegócio da Conab, Aroldo de Oliveira Neto, o investimento em tecnologia em algumas regiões de produção cafeeira foi fundamental para a mudança de cenário.

“Quando se fala nessa mudança é preciso voltar no tempo em que se usava basicamente a mão de obra na colheita do café. Na medida em que você usa a tecnologia – e a mecanização faz parte disso – você vai aumentar a quantidade de café colhido e a um custo muito menor. Porque, apenas à guisa de exemplo, onde se colhia um saco manualmente seria possível colher, digamos, 100 sacos”, explica o superintendente.

Mas a mecanização da colheita não foi o único fator de aumento da rentabilidade. Aroldo Oliveira observa que a qualidade do café também melhorou graças a uso de novos insumos e novos processos de produção. Ele cita o caso de Rondônia, onde o estudo mostra claramente a diferença da tecnologia.

“Um cafezal tem vida útil de 30 anos. Então, a partir de 2013, um programa do governo estadual, com a participação de diversas entidades e instituições ligadas ao setor, começou a incentivar os produtores a erradicar o café velho e substitui-lo pelo clone, que é uma planta resultante de um processo de enxerto. Esse pé de café é mais forte e produz um grão de melhor sabor. Então o preço acaba sendo melhor”, explica o superintendente.

Aroldo Oliveira destaca ainda que na região do estado que adotou esse pacote tecnológico os resultados foram comparativamente melhores que os da região onde a introdução dos novos processos de produção e colheita foi feita mais recentemente. Uma das vantagens do clone, segundo Aroldo Oliveira, é a de que o clone se adapta a qualquer tipo de região onde for plantado. “O Brasil tem hoje a produção do café com novas tecnologias em outras regiões como o Espirito Santo, que é o maior produtor do café conilon, e o sul da Bahia.”

Aroldo Oliveira reconhece que a rentabilidade gerada pela melhora da produtividade, em 2016, foi influenciada também pelo preço favorável do café no mercado internacional.

“Mas é preciso lembrar que o café é uma commoditie e que seu preço oscila. Mas mesmo quando o preço cai, o prejuízo que poderia advir dessa queda será sempre muito menor graças ao uso da tecnologia”, disse o superintendente.

Agência Brasil
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